Onde começar?
No programa, utilizei uma citação de Wittgenstein: "É muito difícil encontrar o princípio. Ou melhor: é difícil começar no começo. E não tentar ir mais para trás" (Da Certeza).
O que é que isto quer dizer? O que é que eu quero dizer com esta frase? É muito simples: não há um começo. Há muitos possíveis.
É imposível dizermos que isto começa com aquilo sem que nos perguntemos quando começou aquilo. E é um erro pensar que podemos apontar com o dedo a uma data e um local exactos para o início daquilo a que damos o nome de "banda desenhada" ou daquilo a que damos o nome de "ilustração". Mais, como nós temos uma ideia vaga do que significam essas duas palavras ("banda desenhada" é, aqui, uma palavra) HOJE, olhamos para trás, na História, informados com essa ideia e podemos incorrer nalgumas imprecisões, por vezes tolas, por outras acríticas, às vezes até mesmo perigosas. O que precisamos de fazer é tentar organizar uma ideia, mesmo que não fechada, do que entendemos por "banda desenhada" ou "ilustração" (não são a mesma coisa, de modo algum), e depois procurar o que é constante entre os objectos que incluirmos nesses campos, o que difere, e tentar perceber se estamos perante um campo com especificidades próprias.
Mas para podermos começar, precisamos mesmo de começar.
E começamos como? Com definições? Com uma lista de trabalhos? Com um artista? Ou o mais atrás possível na História?
Que tal um artista, de facto?
(a imagem é da saga da DC Comics Crisis on Infinite Earths, escrita por Marv Wolfman e desenhado por George Perez. A ideia desta imagem não é de todo má para a ideia em questão: muitas versões da Terra. Temos de escolher uma para visitar as outras).
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