Saturday, February 02, 2008

Trabalho de análise de livro de banda desenhada. Blacksad, por David Horta

No quadro dos trabalhos individuais escritos da Unidade Curricular Abordagem Histórica da Banda Desenhada e Ilustração, com alunos do 1º ano das licenciaturas de Banda Desenhada e Ilustração e de Multimédia da Escola Superior Artística de Guimarães, os alunos foram convidados a escolher uma obra de banda desenhada como bem entendessem, e depois apresentar um trabalho escrito em que explorassem alguns dos pontos estudados nas aulas, mas cruzando-os com a sua própria cultura, e, acima de tudo, tentarem dar uma perspectiva pessoal (elemento importante numa abordagem crítica). Foram alguns dos trabalhos muito bem conseguidos, mas dos recebidos até agora este destaca-se pela qualidade da abordagem e algumas leituras francamente pessoais, mas o mais importante, muito bem fundamentadas. Dado isso, resolvi colocar aqui o texto do aluno David Horta, acompanhado com algumas imagens ilustrativas do seu estudo. Espero que isto sirva de incentivo ao continuado trabalho de todos os alunos, assim como de outros leitores que tenham apetências de escrever sobre banda desenhada.
Comentários serão bem-vindos!
Trabalho de análise de Blacksad: Algures entre as sombras
Introdução

A obra de banda desenhada sobre a qual este trabalho se debruçará é Blacksad: Algures entre as sombras, trabalho de dois autores espanhóis, Díaz Canales e Juanjo Guarnido, respectivamente argumentista e desenhista.
Blacksad segue as desventuras de um gato detective do mesmo nome, num mundo de animais antropomórficos, numa América de meados dos anos 40-50, ao bom estilo do film noir. Um dos factores inovativos, quiçá, seja o facto de incluir personagens que são animais, em situações adultas de violência, sexo, e tudo o que se possa esperar de um filme policial, num ambiente realística e intricadamente concebido e desenhado, indo totalmente contra o ambiente infantil e simplista ao qual estamos habituados a ver personagens-animais. Ironicamente (ou não!), Guarnido é animador na Disney, o que obviamente influenciará o seu trabalho em Blacksad.
Contudo, apesar de ser um empreendimento de sucesso esmagador até agora, especialmente em França (onde é originalmente publicado, ultrapassando a venda de 200 000 exemplares), é constituído por 3 volumes apenas, sem contar com um volume extra que é uma espécie de “atrás dos bastidores”, com comentário e entrevistas dos autores, assim como vários trabalhos inacabados e/ou não aproveitados.
Nota técnica: título original: Blacksad. Quelque part entre les ombres...; editado e distribuído em Portugal pelas Edições Asa.
Resumo da obra
A obra começa com Blacksad, mais o seu colega Smirnov, na cena do crime, a saber, a de um assassinato de uma mulher, que logo de seguida, através de flashbacks, ou analepses, em bom português, nos é revelado ser na verdade amante de Blacksad, o que é importante, pois haviam mantido uma relação bastante, na falta de melhor palavra, romântica, mas ao mesmo tempo bastante “normal” entre os dois, acabando inevitavelmente no fim amargo da separação.
De seguida, Blacksad, como qualquer detective hollywoodesco que se preze, embarca na demanda de descobrir o assassino da sua velha amada, embora tenha sido expressamente “aconselhado” a manter-se fora do caso. Começa por visitar Jake, um gorila boxeur seu velho conhecido que ele próprio havia recomendado como guarda-costas a Natalia, a vítima do assassinato, e arromba o escritório do seu último amante conhecido em busca de pistas.
Após conseguir pistas vindas da mulher-a-dias e do patrão do tal amante, que aparentemente anda desaparecido, Blacksad consegue descobrir que um estranho lagarto está, suspeitamente, metido ao barulho, que mais não fosse pelo facto de ser rapidamente descoberto pelo próprio Blacksad, que tenta matar, sem sucesso.
Observamos o lagarto a ser repreendido pelo que entendemos ser o seu chefe, que indirectamente ameaça matá-lo caso o mesmo continue a falhar nas missões a si incumbidas. O lagarto retira-se, e o patrão manda um lacaio para o seguir e recuperar um certo embrulho, que mais tarde vimos a saber ser uma importante peça deste puzzle. Retirando-se para um bar frequentado por répteis, o lagarto busca o tal embrulho e retira-se, deixando o outro lacaio (um mangusto, ao que parece) na ponta desconfortável de uma grande tensão racial no núcleo do bar.
Blacksad, frequentando o bar que veio a saber ser frequentado pelo tal amante (segundo pistas no apartamento), conhece um rato que promete levá-lo ao amante, de nome Léon, que tanto procura. Acaba por ser levado para um cemitério, vindo a descobrir que Léon era apenas um anagrama do verdadeiro nome do amante, que se encontra escrito na campa. Nesse mesmo local é brutalmente espancado por dois brutamontes, claramente contratados.
No rescaldo do espancamento, Blacksad encontra-se com Smirnov de novo, que o apela a achar e “eliminar” o dito assassino de vez, prometendo usar o seu poder no braço da lei para o ilibar, caso Blacksad seja vitorioso em tal tarefa. Regressando a casa, Blacksad encontra novamente o lagarto, que o ameaça de arma em riste, revelando inclusive que o tal embrulho era a arma que foi usada para assassinar Léon. Contudo, acaba sendo baleado pelo mesmo rato, escondido na escada de incêndio, que levara Blacksad até à tal campa, e que acaba também morto no tiroteio que se segue.
Nos seus últimos suspiros, o lagarto acaba por revelar a história toda atrás do assassinato de Léon e Natalie: ela havia cometido o erro de ser demasiado promíscua, especialmente enquanto estava envolvida com o chefe do lagarto, de nome Ivo Statoc, de se relacionar com Léon, inevitavelmente assassinado por Ivo, tal e qual Natalie, numa acção totalmente vingativa. Ivo teria descoberto esta infidelidade devido ao tal rato, que fora incumbido de vigiar Natalie.
Blacksad, naturalmente, dirige-se ao encontro de Ivo, grande magnata de poder monetário e social, aproveita para se vingar dos capangas que o espancaram, e, após tentativas de suborno e longos jogos psicológicos, Blacksad acaba por ceder à provocação final de Ivo e baleia-o, fatalmente.
De volta à esquadra, Smirnov cumpre com o prometido e iliba Blacksad totalmente, e, num toque ligeiramente humorístico, faz toda a culpa recair sobre os tais capangas, que desesperadamente acusam Blacksad e de estarem a ser completamente tramados no meio disto tudo.
Após uma breve e filosófica troca de palavras com o pastor alemão Smirnov, Blacksad afasta-se na distância, dando fim à história.
Análise Geral da Obra
Nesta obra, Blacksad. Algures entre as sombras, o formato gráfico é convencional até certo ponto, digamos, pois apesar das vinhetas serem todas lidas de forma bastante regular, e todas em forma de polígonos rectângulos, o número de vinhetas em cada página, por exemplo, varia bastante, normalmente entre 9 a 4, contendo uma única splash page em todo o livro. As vinhetas variam bastante entre predominantemente horizontais ou predominantemente verticais, a quadrados perfeitos. Não existem vinhetas redondas ou com arestas curvas, e em ocasiões bastante raras vemos o efeito “vinheta dentro de vinheta”.
No que toca a concepções da prancha, podemos dizer que esta obra roça tanto o convencional e o retórico, tal como o decorativo e produtor na relação de texto/imagem, contendo sequências bastante fortes em diálogo, tal como sequências sem diálogo algum. Contudo, existe um forte elemento narrativo, sendo o narrador homodiegético interno, visto tratar-se do próprio Blacksad, não fosse esta uma história policial em estilo noir. Desse modo ficamos a par muitas vezes daquilo que se vai passando dentro da cabeça do herói, assim como que o seu estado de espírito e opinião perante as várias peripécias em que se vê envolvido no enredo da história.
Em termos de aspecto visual, a história, como referido atrás, revolve à volta de um mundo de animais antropomórficos, mas apesar desse facto, o estilo da arte é bastante realista e detalhado, verdade seja dita, estilizado q.b., mas não obstante, produto de desenho muito trabalhado, mais notavelmente em pequenas acções e atitudes das personagens nada relevantes à história ou acção em geral, mas puramente para as fazer parecer muito mais humanas e ‘reais’, quiçá. Igual referência merece o trabalho posto nos cenários, que muitas vezes são negligenciados, mas aqui parece que os autores os põem em foco, enchendo-os de objectos, sujidade, figurantes e tudo o mais, criando a ilusão de um mundo que vive, se mexe e continua a viver independentemente da linha de acção sobre a qual a história em foco recai, quase nos dando a ilusão de estarmos perante um filme. Outra grande ajuda para este factor são as cores. Claramente de realização tradicional, o que instantaneamente nos vem à cabeça é a aguarela e as suas cores esbatidas, artefacto usado e abusado nesta obra para ilustrar a acção e subsequentes estados de espírito daqueles envolvidos. Inteiramente, ou quase inteiramente, a cor é na sua maior parte à base de castanhos, cinzentos e negros, cores esbatidas, térreas e de aspecto velho, quase de certeza para adicionar ainda mais ao tal efeito noir , e possivelmente um efeito vintage, visto que a acção se passa cerca de meio século no passado americano.
A obra também gosta de “brincar” bastante com ângulos de câmara, usando bastante vistas panorâmicas dos quartos e sítios onde as personagens se encontram, nem que seja apenas para dar a conhecer aos leitores as imediações do sítio onde a acção corrente se desenrola. Ângulos picados e contra-picados também são usados, notavelmente um ângulo directamente de cima é usado uma mão-cheia de vezes, quando os arredores do personagem são essenciais para estabelecer o “ambiente” da acção. O grande plano é outra das estratégias mais usadas, especialmente em cenas de acção, para acrescentar ao dinamismo dos acontecimentos, obrigando o leitor a focar o olhar nos elementos mais relevantes e imediatos.
Para exemplificar melhor estas características da obra, uma análise por alto por pontos estilísticos visuais relevantes da obra está obviamente em alta: nas primeiras páginas, a cena do crime. Logo na primeira página temos em grande plano a vista do cadáver, que obviamente se torna na personificação do olhar dos restantes personagens, ou seja, levando o leitor a entrar na pele dos protagonistas, facto mais evidenciado quando o painel seguinte mostra os dois ditos personagens de olhos esbugalhados encarando o cadáver. Um diálogo entre os dois logo de seguida é ilustrado efectivamente focando primeiro um com o outro no fundo, e vice-versa.
Seguidamente, encontramos Blacksad no seu escritório a meditar, começamos com uma vinheta ilustrando o seu escritório, atulhado de coisas, tal como referido previamente, sem o protagonista visível. Na próxima vinheta, um dos tais ângulos directamente de cima é usado, mostrando a confusão interminável do escritório.
Na seguida cena de analepses, as cores são notavelmente mais claras, menos sombrias e sérias, talvez influenciado pelo facto de uma página inteira se passar num florista, havendo uma interessante estilização e transição para a página seguinte. Aproveitando o tema das flores, Blacksad e a sua antiga amante beijam-se e acariciam-se apaixonadamente, ao mesmo tempo em que se encontram rodeados de flores, contudo, flores estas que sem dúvida não existem no mundo físico dos personagens, mas apenas estão lá para transmitir ao leitor a natureza romântica e amorosa da situação e da dita parte da analepse. Uma metáfora bastante inteligente usada ainda na cena do flashback, é a de uma rosa ser vista murcha e morta, com pétalas a cair, paralelamente ao romance de Blacksad e a sua amante, de quem se acaba de separar.
Outro pequeno aspecto merecedor de menção, acontece algumas páginas à frente, na cena em que Blacksad confronta o antigo chefe de Léon, o ultimo amante da mulher assassinada. Conseguimos ver um balão com figuras que compreendemos ser palavrões ditos pelo locutor do dito cujo, e por baixo um casal com ar chocado a olhar na direcção em que o balão vem, e na vinheta seguinte (para os menos atentos, visto na vinheta anterior o casal ter uma série de letras ao nível das suas pernas) descobre-se que o casal não passa de uma ilustração num poster atrás do personagem profanador.
Avançando mais umas páginas, encontramos outra situação que se torna num paralelismo com filmes, mais uma vez. Na cena em que o lagarto fala com o seu chefe, o chefe é um personagem misterioso com a cara oculta ou na sombra ou com luz intensa ofuscante, isto quando o simples foco da câmara não está a mostrar simplesmente as suas mãos extremamente expressivas, como na maior parte das vinhetas presentes. Isto tudo é uma forma eficaz de manter o suspense ocultando a verdadeira identidade da personagem.
Numa próxima cena, a do bar, as três primeiras vinhetas usam a velha técnica de começar com um grande plano, e progressivamente afastar a “câmara”, para progressivamente revelar mais pormenores, sendo as duas seguintes vinhetas completamente descritivas do bar em que Blacksad se encontra, e talvez até de uma vista directamente de dentro do ponto de vista do personagem. Outra particularidade interessante desta sequência é a de dois personagens recorrentes durante a mesma, uma chita e um babuíno que discutem, sendo vistos em três vinhetas, apenas em primeiro plano numa delas, encontrando-se nas outras num simples segundo plano, dando mais uma vez a vislumbrar este tal mundo que se movimenta independente à história principal.
Uma segunda óptima metáfora visual que merece menção é a do cemitério, umas páginas à frente, em que o personagem, em grande plano, diz no seu papel de narrador, “eu estava condenado”, ao mesmo tempo que vemos, no segundo plano, uma sombria estátua da Morte, com a sua foice numa posição ameaçadora, apontando para o nosso herói, momentos antes deste mesmo ser violentamente espancado.
Na cena em que o lagarto entra na casa de Blacksad, briga com o mesmo e acaba por confessar tudo no seu leito de morte ensanguentado, vislumbramos uma analepse em que as suas imagens são completamente tingidas a vermelho, um bom modo de enfatizar a natureza violenta e sangrenta deste episódio recontado, ou talvez até de referir o facto de o interlocutor destas memórias estar ele mesmo numa poça de sangue com a substância vermelha a pingar da sua boca, e, metaforicamente, talvez a tingir as suas próprias palavras que ilustram a analepse em questão. Logo de seguida temos um dos já referidos planos extremamente picados, com Blacksad deitado no sofá, a fumar, com o cadáver pelos pés, tornando visual toda a confusão causada pela luta prévia, como que uma alegoria ao facto que toda a acção tem as suas consequências.
E prontamente de seguida, temos o clímax final, a cena em que o protagonista finalmente enfrenta a pessoa por detrás de todos estes assassinatos. Nestas páginas há grande ênfase nas expressões faciais e a sua focagem é constante, apenas brevemente interrompidas para fazer claro à presença da arma que Blacksad empunha contra o vilão. Temos a “câmara” a saltitar de cara para cara, tornando claro o facto que estamos a assumir o ponto de vista de cada respectivo personagem assim que passamos de vinheta para vinheta.
Após o vilão morto, vemos na última vinheta da página uma vinheta sem contornos, constituída apenas de folhas amareladas esvoaçando, uma maneira de transição do escritório da acção anterior para a rua delineada de árvores de folha caducas acastanhadas, inclusive uma das folhas da vinheta anterior é ainda vista a esvoaçar em primeiro plano, atrás de Blacksad.
E por fim, na última vinheta temos um minuciosamente desenhado plano afastado duma das avenidas da cidade, por onde o protagonista se afasta, enquanto realiza uns comentários sobre os lados negativos do mundo, e a parte em que por ele se resolveu enredar, a vinheta pela imagem e o texto em conjunto, claramente ilustra o mundo, que sem dúvida esconde muitas mais histórias obscuras tal como aquela para a qual fomos espectadores.
Apreciação Pessoal
A minha apreciação pessoal desta obra no geral pode-se considerar bastante positiva, se bem que com um ou outro ponto negativo.
Ora, começando pela arte em si, que a nível pessoal é algo bastante importante, considero que por muito bom enredo que uma história tenha, se tiver arte que deixa muito a desejar, será provavelmente ignorada, visto que é a arte a primeira coisa que salta à vista, e, em contrapartida, uma obra com escrita terrível, mas com arte fantástica, pode ainda ser agradável, nem que seja para o velho “olhar para os bonecos”. Os cenários são renderizados até ao mais ínfimo dos pormenores, dando uma ideia bastante boa do mundo que rodeia os personagens, e os personagens em si são optimamente desenhados, ainda mais tendo em conta que são animais antropomorfizados, criando ainda mais um obstáculo para o artista. Contudo, creio que tal desafio foi encarado de forma habilidosa, tendo os animais sido dotados de uma expressividade bastante humana e de fácil leitura, sem dúvida um resultado bastante agradável a meu ver. Porém, uma das coisas que me incomodou, foi o facto de as mulheres (pelo menos a maior parte, salvo excepções de personagens fêmea “assexuadas”) serem demasiado antropomorfizadas, contendo principalmente uma cara humana com nariz e orelhas de animal, resultado este que, na minha opinião, destoa bastante com o resto dos personagens e cria um efeito bastante inestético. O facto de apenas um número muito selectivo de personagens ter cauda independentemente do animal ter ou não cauda também foi algo de negativo, creio que quebra um bocado com o que os autores talvez estejam a querer alcançar com toda esta ideia dos “animais que falam”.
No que toca a outros aspectos visuais, a escolha de diferentes ângulos de “câmara”, a imensa expressividade corporal dos protagonistas e demais figurantes está imensamente bem conseguida, assim como todo o look noir já atrás tantas vezes referido. Bastantes metáforas visuais são pontos a favor sem dúvida alguma.
A nível de cor, a aguarela funciona bastante bem, a qualidade da pintura em si não tem alguma queixa de mim, sendo bastante bem conseguida, assim como a palete de cores escolhida, creio, é adequada a cada situação. Algumas pessoas poderiam discordar de mim dizendo que em termos de cor os personagens mal se destacam do fundo e que isso cria um efeito visual confuso e desagradável, mas eu discordo, creio que isso apenas torna todo o universo da obra mais orgânico, real e semelhante a um filme, que é sem dúvida o que os autores estavam a tentar conseguir.
A nível do argumento... É aqui que entram a maior parte dos pontos fracos a meu ver. Não discordo que seja uma história solidamente construída, porém, está a transbordar de clichés vistos durante décadas em todo o tipo de filmes policiais americanos, desde o detective privado rebelde que tenta desesperadamente vingar a morte de uma amante, aos filosofares pessimistas e amargos sobre o qual o mesmo se debruça enquanto narrador da acção. Digamos que é uma história bastante linear seguindo uma fórmula já há muito desgastada pelo uso.
Contudo, o meu parecer leva a uma nota alta, nem que seja apenas pelo alto nível artístico, sobretudo pela ideia de usar animais, que assumidamente seriam apenas vistos em situações infantis em mundos de contos de fadas, mas aqui inserindo-os num policial sangrento.
David Horta, Janeiro de 2008